Sustentabilidade Inteligente

28 maio 2005

Mercado Ambiental

A par das áreas mais visíveis, onde a degradação ambiental chama mais atenção, vai se desenvolvendo um mercado em função das regulações, principalmente nos segmentos de resíduos industriais e áreas contaminadas.
Embora os dados sejam desencontrados, as estimativas indicam que de cerca de 3 milhões de toneladas de residuos industriais apenas cerca de 30% tem destinos adequados, sendo ainda 70% colocados em aterros comuns, lixões ou mesmo em áreas próprias das indústrias gerando a contaminação do solo e dos lençois freáticos. Os 30% já representam um mercado importante que tem o restante com grande oportunidade de negócios.
O seu tratamento produz adicionalmente créditos de carbono, o que aumenta a sua atratividade.
Apesar de ainda ser um processo em fase inicial, considerado insuficiente pelos ambientalistas, indica um caminho importante em relação ao desenvolvimento sustentável. A valoração dos resíduos os transforma em negócios, e com isso passam a ser tratados e negociados.
Feliz ou infelizmente, o desenvolvimento susentável depende da sua incorporação à lógica de mercado e não o combate a esse.

21 maio 2005

Desmatamento

O relatório sobre o desmatamento mostra um crescimento maior do que o previsto, confirmando as avaliações já feitas ao longo do ano, e com maior incidência no Estado do Mato Grosso. Buscam-se logo os culpados e o principal suspeito, Blairo Maggi, se defende: ele, como produtor, não desmata.
Se não são os grandes produtores de soja os responsáveis, quem seriam? Uma suspeita é jogada sobre os produtores menores. Ai cabe uma primeira pergunta: eles estão sendo financiados pelo crédito rural? Estão recebendo dinheiro do Banco do Brasil?
Seria então o próprio governo, com a sua política de crédito rural que estaria financiando o desmatamento?
A questão do desmatamento não pode ser vista apenas pela constação, mas deve ser analisada na cadeia produtiva e no processo econômico, que acelera a exploração das reservas naturais.

14 maio 2005

Desenvolvimento Sustentável é Antônimo do Capitalismo?

Desenvolvimento Sustentável é uma colocação promovida pelo Sistema Produtivo - predominantemente capitalista - para justificar a continuidade da produção. O DS não é contra a produção ou o crescimento econômico, mas busca a qualificação dessa produção, para não comprometer a capacidade das futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades.
Os agentes produtivos, ressabiados com o movimento ambientalista inicial - preservacionista e radical - viram no Desenvolvimento Sustentável apenas mais uma manifestação desses "ecochatos desocupados", menosprezando-os, até que começaram a perceber que o DS era a "limonada em que podiam transformar o limão azedo das contestações ambientalistas".
O que está em curso é uma crescente apropriação pelos empresários do Desenvolvimento Sustentável. Todos os grandes eventos, nesse sentido, tenderão a ser promovidos e patrocinados pelos capitalistas, diretamente ou através de suas ONGs.
Não é atoa que o capitalismo sobrevive ao longo da história. É pela sua capacidade de adaptação às circunstâncias.

07 maio 2005

Qualidade Ambiental dos Empreendimentos

Qualidade Ambiental dos Empreendimentos
Há uma sensação de que apesar de toda a mobilização do movimento ambientalista, das regulamentações e procedimentos obrigatórios estabelecidos não tem havido melhoria na Qualidade Ambiental dos Empreendimentos.
Uma comparação entre os projetos das duas pistas da Rodovia dos Imigrantes em São Paulo, mostram um grande avanço. Mas insuficiente.
A avaliação ambiental não pode vir depois de concebido e projetado o empreendimento, determinando ajustes, mitigações ou compensações. A própria concepção e projeto do empreendimento já deve considerar as dimensões sócio-ambientais, e não apenas as melhores técnicas de engenharia, ou a otimização econômica (sem a devida consideração das externalidades).
É uma nova visão, que incluirá mudanças na formação educacional dos próprios engenheiros. O politêcnico de 2015 deverá ter, plenamente, essa capacidade de projetar e implantar empreendimentos com a devida consideração da multiplicidade das dimensões.
Essa mudança envolve uma fase de transição, onde as soluções precisarão ser negociadas.
O mais importante, no entanto, são as mudanças culturais, tanto do lado do empreendedor e do engenheiro, que ainda tratam com desprezo os "ecochatos" e dos ambientalistas que tratam os outros como potenciais criminosos.
Só teremos efetivamente o Desenvolvimento Sustentável quando não for mais necessário ter a figura do "crime ambiental" e a dimensão sócio-ambiental for um valor natural das pessoas.