Sustentabilidade Inteligente

09 julho 2005

Educação Ambiental

É inegável que a terra está sendo degradada por práticas humanas inadequadas que, focadas em interesses específicos, desconsideram os efeitos indiretos. Alguns deles são perceptíveis, como o lixo que é deixado na rua, ou no "terreno ao lado" e depois é visto no córrego. Outros estão mais distantes, mas conhecidos, como a erosão, mas a associação já é menor.
Já os efeitos sobre o clima são tão distantes, dependendo de crença no que dizem os cientistas para aceitar que as fratulências do seu boizinho causa o aquecimento da terra, pelo tal "efeito estufa".
O que vai se criando é uma comunidade (ou mais propriamente tribos) de ambientalistas que se caracterizam como "eco-chatos".
Querem convencer os outros de que tudo que se faz prejudica o ambiente. Que é preciso reduzir o consumo, que não se pode abandonar os resíduos de qualquer forma, que não se pode derrubar uma árvore, ainda que ela vá cair daqui a pouco em cima do carro, que nada pode se fazer porque vai perturar o sono do macaquinho, etc, etc.

O processo social sempre tem esses componentes. Os mentores das mudanças são sempre mais radicais. São pregadores, são doutrinadores buscando fazer enxergar e entender o que antes se via, mas não se enxergava, tampouco se entendia.

A educação ambiental tem um papel fundamental nesse processo, mas ela ainda é dominada por uma perspectiva de doutrinação, o que é inconveniente.

Devem ser considerados dois níveis de educação ambiental: a dos ambientalistas, que devem conhecer todo o processo, as diversas dimensões e implicações. Ele tem que ser educado para não ser dogmático, simplista e unifocado.
O grande problema da degradação ambiental é a visão unifocada das pessoas em geral, que não percebem as implicações mais amplas de suas atividades, de suas ações.
O ambientalista não pode cometer o mesmo erro, de só ver o ambiente natural, desconsiderado as dimensões econômicas, culturais, sociais, etc.

A educação ambiental das pessoas - em geral - não pode ser doutrinária. Tem que ser informativa. O que as pessoas precisam tomar consciência, pela informação, de que o que elas fazem, o que elas tem estão interrelacionadas e vão ter consequências mais distantes.

A idéia principal que as pessoas precisam ter é a capacidade de absorção e de recuperação da natureza. Temos a idéia de que a natureza é poderosa e tem uma capacidade infinita de absorção, de adaptação, de tal forma que qualquer coisa que possamos fazer, como derrubar uma árvore, ou jogar o lixo num terreno baldio não vai fazer diferença alguma. E se fizer, o problema é o Governo que não toma as providências.

Se fosse apenas uma pessoa que o fizesse a repercussão poderia ser mínima e a natureza teria capacidade de absorver e recuperar. Quando isso é multiplicado por dezenas, centenas, milhares, milhões ou bilhões, essa capacidade de recuperação é insuficiente.

Pode-se dizer que a culpa é de Deus, que não previu esse crescimento e não deu à natureza essa capacidade de recuperação. Mas dadas as limitações, o próprio homem tem que cuidar da sua sobrevivência, agora e no futuro.

O objetivo da educação ambiental, para as pessoas em geral, não pode ser doutrinário. Fazer cartilhas para explicar o que é Desenvolvimento Sustentável, tem pouca eficácia.
O importante é fazer com que as pessoas percebam as consequências indiretas das ações práticas que realizam.
A educação ambiental geral tem que partir do particular para o geral. Tem que saber trabalhar com cada realidade específica para a partir dela fazer com que as pessoas percebam os impactos.